quinta-feira, 9 de julho de 2020

O caminho de um suicida

-Tema: VIDA CRISTÃ

Evangelho de João
Introdução: O suicídio é fruto da ilusão de colocar fim ao sofrimento através da morte. A figura de um abismo pode ilustrar a direção do suicídio, visto que um abismo tem um final incerto, onde não se visualiza o que acontecerá, mas sabe-se que a dor e a morte podem ser encontradas lá no fundo. Ficar perto de um abismo é perigoso, pois um passo em falso pode não ter volta.
A vida de Judas é o exemplo bíblico mais claro a respeito do tema suicídio. Os evangelhos falam pouco sobre Judas, demonstrando a pouca proximidade ou simpatia dos autores com sua pessoa. Mateus cita Judas 6 vezes, Marcos apenas 4 vezes e Lucas 5 vezes, quase todos os relatos concentrando no momento da traição. Já o evangelista João, além de citar mais vezes, num total de 9, também fala alguns aspectos sobre Judas não citados em outros evangelhos. Por isso podemos estudar a partir do evangelho de João qual foi o caminho que Judas trilhou até o suicídio e aprender o que não deve ser feito através de seu mau exemplo.

O que leva uma pessoa ao suicídio?

Vamos refletir sobre a caminhada de um suicida rumo ao abismo, a partir da narração do evangelista João:

1- Descuido espiritual

João 6.70-71 “Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo. Referia-se ele a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era quem estava para traí-lo, sendo um dos doze”

O primeiro passo rumo ao abismo do suicídio é o descuido espiritual. Enquanto Jesus falava sobre ser o “pão da vida” em seu discurso evangelístico (João 6.22-40), muitas pessoas não aceitaram sua mensagem (João 6.41-52). Até mesmo alguns discípulos ficaram assustados com a mensagem do Pão da Vida achando ser “duro este discurso” (João 6.60).
Jesus repreendeu a incredulidade deles e perguntou se queriam ir embora (João 6.61-67). Foi neste momento que Pedro representando os doze disse: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna” (João 6.68). A partir deste diálogo que Jesus disse que um deles seria o diabo, referindo-se a Judas (João 6.71). As palavras de Jesus demonstram que o diabo já estava tentando Judas bem antes de consumar a traição.
Judas não saiu com multidão que abandonou Jesus, mas ficou entre os murmuradores com os demais discípulos. Jesus sabia o que acontecia entre os discípulos (João 6.62), por isso falou estas duras palavras, mesmo depois da linda declaração de Pedro (João 6.68,69). O evangelista João abre um parêntese em sua narração para explicar o que estava acontecendo referente a Judas (João 6.71).
A murmuração é um sintoma de descuido espiritual. Jesus sabia o que Judas estava fazendo entre os discípulos e de sua frieza na fé. Quando a pessoa se descuida de sua espiritualidade, começa a caminhar na direção contrária do propósito de Deus para suas vidas, aproximando-se do abismo chamado suicídio, impedindo a visão de fé sobrenatural que fortalece a vida cristã. O caminho no sentido oposto a este abismo seria o cultivo de uma espiritualidade fortalecida na Palavra de Deus, que nos alimenta e gera fé (Romanos 10.17).
O Descuido Espiritual aproxima do abismo do suicídio!

2- Expectativas erradas

João 12.4-6 “Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres? Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava.

Outro passo em direção ao abismo do suicídio é a busca por expectativas erradas. Jesus foi ungido por Maria irmã de Lázaro, logo após a ressurreição de seu irmão (João 11.38-44) e faltando seis dias para a páscoa em que Jesus seria morto (João 12.1-3). O ato de adoração de Maria foi em gratidão e amor a Jesus, mas Judas não entendeu nem se sensibilizou com o Jesus havia feito a Lázaro.
O evangelista João abre um segundo parêntese para explicar o que acontecia com Judas e denuncia sua prática corrupta de usar o dinheiro (João 12.6). Aparentemente Judas seria o tesoureiro do grupo dos discípulos (João 13.29). Este comportamento de Judas demonstra que alimentava expectativas erradas que o conduziriam na direção contrária do propósito de Deus. O caminho de volta para a direção correta seria refletir sobre suas próprias intensões e confessar ao Senhor todo pecado, buscando o renovo na presença de Deus (Salmos 32.1-9).
As expectativas erradas geram frustração e contrariedade, fazendo a pessoa pensar que tudo dá errado em sua vida, bom como a faz gerar contrariedade por onde passa (Provérbios 16.1). Daí a pessoa começa a reclamar e discordar de tudo e todos à sua volta, o que levará a outro sintoma: isolamento.
As expectativas erradas aproximam do abismo do suicídio!

3- Isolamento

João 13.2 “Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus”
João 13.27-30 “E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa. Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu a que fim lhe dissera isto. Pois, como judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa ou lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres. Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite. ”

O terceiro passo para o abismo do suicídio é o isolamento. Judas participou normalmente da última ceia com os discípulos e teve seus pés lavados pelo Mestre (João 13.1-11), mesmo tendo já intencionado a sua traição (João 13.27). Percebe-se neste episódio, bem como em alguns outros que Judas não está interagindo com o restante do grupo. Em todo tempo nota-se a conversa de Judas apenas com Jesus, enquanto os outros discípulos estão constantemente conversando entre si, como Pedro, Tiago e João que eram quase inseparáveis sempre ao lado de Cristo (Marcos 5.37; 9.2; 13.3 e 14.33). Mas Judas não se nota o contato dele com os outros em momento algum.
Durante a ceia e o lava-pés, os discípulos conversam entre si sobre quem seria o traidor (João 13.22-25), mas o evangelista Mateus revela que Judas perguntou pessoalmente a Jesus: “Então, Judas, que o traía, perguntou: Acaso, sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste. ” (Mateus 26.25). Além disso, o fato de os outros não entenderem o que Jesus conversava com Judas (João 13.27), apenas deduzindo ser alguma ordem específica, sem contudo dialogar com Judas em momento algum, demonstra que já estava isolado no grupo (João 13.29).
O isolamento é um passo largo para o abismo do suicídio. Quando a pessoa está sozinha sua mente vagueia como diz o ditado: ‘cabeça vazia é oficina do diabo’. Foi isso o que aconteceu com Judas, pois o texto deixa claro duas vezes que o diabo estava em sua vida (João 13.2 e 27).
Um dos cuidados que se deve ter com a pessoa que tem tendência ao suicídio é nunca a deixar sozinha. Quando a pessoa fica sozinha, se torna alvo fácil de maus pensamentos, emoções negativas e principalmente de influências malignas, bem como também de pessoas mal intencionadas, que se aproveitam da fragilidade de quem está só e indefeso. O caminho de volta desta direção errada do isolamento que leva ao abismo do suicídio é a busca de comunhão e relacionamentos saudáveis com pessoas que possam edificar e abençoar (Salmos 133.1-3).
O isolamento aproxima do abismo do suicídio!

4- Desamor

João 13.26 “Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a judas, filho de Simão Iscariotes. ”

O desamor é um outro passo em direção ao abismo do suicídio. Judas recebeu de Jesus uma última demonstração de amor e carinho durante a última ceia, quando o Mestre lhe deu o pedaço de pão molhado, o que era um hábito de homenagear alguém durante uma festa. Judas apenas mantinha a aparência e sua única demonstração externa de carinho para com Jesus foi o beijo que lhe deu ao entrega-lo (Lucas 22.47-48). Mateus descreve o suicídio de Judas e deixa claro que o sentimento que o tomou foi o “remorso” (Mateus 27.3-5).
Jesus deixou claro seu amor incondicional até mesmo a um traidor. Contudo Judas não conseguia mais absorber qualquer demonstração de amor. Seu coração estava endurecido e como os textos deixam claro, o diabo já tinha achado lugar em sua vida, o que afasta toda possibilidade de amar. A melhor coisa que se pode fazer a uma pessoa com tendência ao suicídio é demonstrar amor incondicional, mesmo sabendo que muitas vezes não consegue corresponder.
A insensibilidade que toma o coração da pessoa já enfraquecida espiritualmente, decepcionada e solitária, a leva a perder o amor por si mesma, por Deus e pelas pessoas. Jesus ensinou “amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lucas 10.27). Então quando a pessoa perde seu amor por Deus em primeiro lugar, ao próximo e a si mesma está num declínio muito forte rumo ao abismo do suicídio. O caminho de volta é aceitar o amor de Deus que nos perdoa e nos ensina a amar (I Pedro 4.10).
O desamor aproxima do abismo do suicídio!

5- Descrédito

João 14.22 “Disse-lhe judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo?”

A falta de fé é um outro passo no caminho para o suicídio, quando a pessoa desacredita de tudo o que aprendeu e então vive sem fé e esperança. Os capítulos 14 a 16 de João revelam ensinamentos particulares de Jesus aos seus discípulos e o capítulo 17 sua intercessão. Durante este momento íntimo de Cristo com seus discípulos Judas sai e volta uma vez (João 13.30) e depois entrega o Mestre, separando-se definitivamente (João 18.1-8). Num destes intervalos Judas foi negociar a traição com os sacerdotes no templo (Lucas 22.1-6).
Durante o discurso de Jesus prometendo enviar o Espírito Santo (João 14.15-21), Judas, tendo voltado de seu pacto de traição, pergunta duvidosamente sobre a manifestação de Jesus em seu Espírito, desejando saber como seria e o Mestre explica que enviará o Consolador (João 14.23-29). Logo em seguida Jesus avisa que “vem aí o príncipe do mundo” (João 14.30) referindo-se ao espírito ou principado (Efésios 6.12) que entraria em Judas, juntamente aos poderosos aliados a ele (Lucas 22.3).
Judas caiu em si de seu descrédito diante das pessoas e de si mesmo para com Deus, quando tentou devolver as trinta moedas de prata que havia recebido por entregar seu Mestre, mas já era tarde. Embora tenha lançado estas moedas no santuário, numa tentativa de aliviar sua consciência, mesmo assim sentiu o peso de sua condenação (Mateus 27.3-5). Foi a partir deste momento que Judas não conseguiu mais acreditar que haveria uma solução.
Uma das coisas que podem ser feitas para a pessoa com tendência ao suicídio é ajudá-la a sonhar, planejar algo para o futuro, dando-lhe boa expectativa para cada dia. Quando não se crê em Deus, as coisas ficam mais difíceis a cada instante, aproximando-se do abismo. A pessoa desacreditada em si mesma, nos outros e até em Deus fica desiludida da vida e não consegue contemplar expectativas para continuar vivendo. O caminho de volta desta direção errada rumo ao abismo do suicídio é buscar se alimentar em esperança e fé, voltando a sonhar.
O descrédito aproxima do abismo do suicídio!

6- Más influências

João 18.1-5 “Tendo Jesus dito estas palavras, saiu juntamente com seus discípulos para o outro lado do ribeiro Cedrom, onde havia um jardim; e aí entrou com eles. E Judas, o traidor, também conhecia aquele lugar, porque Jesus ali estivera muitas vezes com seus discípulos. Tendo, pois, Judas recebido a escolta e, dos principais sacerdotes e dos fariseus, alguns guardas, chegou a este lugar com lanternas, tochas e armas. Sabendo, pois, Jesus todas as coisas que sobre ele haviam de vir, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais? Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Então, Jesus lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o traidor, estava também com eles”

As más influências são parte fundamental de um último passo para o abismo do suicídio, bastando apenas um passo em falso para cair. Judas fez isso, deixou a companhia de Jesus e dos discípulos para se envolver com pessoas maldosas. Além disso existe a influência maligna que é espiritual, tentando a pessoa o tempo todo (I Pedro 5.8).
Percebe-se que Judas conhecia a rotina de Jesus e para onde iria com os discípulos (João 18.1,2). Foi Judas quem fez a proposta de entregar Jesus intencionalmente, sabendo que os sacerdotes queriam fazer isso (Mateus 26.14). Judas foi ao encontro de seu Mestre cercado de soldados bem armados contra o Cristo que como única arma usava o amor (João 18.2-5).
As más influências parecem contrastar com o isolamento anterior, mas significa que a pessoa já não consegue se relacionar positivamente, atraindo então sentimentos negativos e pessoas mal intencionadas. Isso acontece hoje de forma volumosa através da mídia e das redes sociais. Desde as notícias sensacionalistas arrasadoras que enfatizam a desgraça, os ‘fake news’ com o descontrolado uso da internet para difundir más notícias e principalmente a exposição aos sociopatas, que as redes sociais proporcionam facilmente, podem tornar a pessoa suscetível do suicídio um alvo fácil.
A pessoa enfraquecida emocional e espiritualmente, muitas vezes só precisa de um empurrãozinho para cair de vez no abismo do suicídio. Uma palavra ‘mal dita’ pode ser uma pedra que derrube de vez a pessoa. Por isso “não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” (I Coríntios 15.33). O caminho de volta deste perigo tão próximo do abismo do suicídio é tomar cuidado com más influências e procurar ajuda urgente em pessoas que possam oferecer proteção e apoio.
As más influências aproximam do abismo do suicídio!

Saia de perto do abismo do suicídio!

CONCLUSÃO

Ao analisar o caminho de Judas, percebemos estes passos que deu na direção errada que o levou ao abismo do suicídio. Começando pelo descuido espiritual, as expectativas erradas, o isolamento, o desamor e o descrédito até às más influências, Judas chegou ao final da linha, sem conseguir voltar.
O caminho de volta, no sentido oposto ao que Judas fez pode ser:
1- Cuidado espiritual com oração e leitura da Palavra
2- Nutrir bons sentimentos e expectativas maduras
3- Nunca ficar sozinho, estar sempre bem acompanhado
4- Alimente-se de amor, amando e sendo amado
5- Fortaleça sua fé e os sonhos para o futuro
6- Procure boas influências espirituais e emocionais
Se você ou alguém que conhece tem alguma tendência ao suicídio, faça estas coisas que citamos e evite o caminho de Judas, que conduzirá a um abismo sem volta. Jesus te ama e lhe dará uma nova chance de continuar e tudo pode mudar. Acredite!

Busque o caminho da vida não o da morte!

*OBSERVAÇÃO: As orientações deste texto não excluem a avaliação de um profissional habilitado na área das emoções. Recomendamos seguir as instruções médicas, de psicólogos, psiquiatras e terapeutas em geral. Nosso propósito é estudar a Palavra de Deus e abençoar vidas no sentido espiritual, o que não isenta de cuidado físico e emocional.

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